segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Mundo Rural

Esta semana o Interior.com exibiu duas matérias bem estilo "mundo rural". Falamos sobre o mundo do rodeio (com imagens de Osiel Azevedo e edição de Emanuele Goulart) e também sobre a produção artesanal de melado e queijo dos sítios Siriema e Nova Esperança, em Rio Preto (com imagens de Leandro Aguiar e edição de Emanuele Goulart).

Adoro o meio rural porque a família da minha mãe é da roça, São José de Ubá, mas também pela simplicidade, humildade e paz que o ambiente e as pessoas trazem.

O rodeio é praticado por pessoas do interior, mas há tempos que virou diversão de cidade.

"OFF 1:Eles vem de todas as partes e viajam para diferentes lugares.
0:00:21:21 “A gente trabalha ES, RJ, MG, BH... SP... trabalha também”
0:33:18:14 “já fui em Americana... Osasco... Morro Agudo”
0:37:24:08 “já trabalhei em Rondônia... Goiás... Rio primeira vez”
OFF 2: A maioria já nasceu na roça, em família de peões, de apaixonados pelo meio rural.
0:08:42:07 “Pra gente trabalhar feliz... sempre tive fazenda... sou feliz com isso”
0:20:15:10 “Minha família toda... com cavalo... não fui diferente”"


O interessante desta matéria foi mostrar os diversos pontos de um rodeio: profissões, animais, problemas e a paixão.

"OFF 4:Por trás do espetáculo da arena, muito trabalho, profissões diferentes e uma coisa em comum: o amor pela adrenalina.
Sobe som imagens rodeio, pessoas trabalhando
OFF 5: Para entrar numa arena o animal tem que ser bom e bicho bravo. Os melhores animais de rodeio não têm preço. Ninguém vende e muitos querem comprar."


Quem está na arquibancada não faz a menor idéia do que acontece por trás das luzes. É muito trabalho e muito machucado.

"OFF 1: Machucar, quebrar um osso faz parte da vida do peão. E os riscos não são maiores por causa de uma figura importante. Com roupas coloridas para chamar a atenção do animal, os salva-vidas se arriscam para proteger o peão."

Eles chegam bem perto da morte durante os rodeios e, por isso, são tão religiosos, com devoção ou não. Procurei também mostrar um pouquinho de cada profissão e a responsabilidade destas pessoas: madrinheiro, sedenheiro, salva-vida... é de perder as contas.

"OFF 14: Preparados em seus trajes típicos: bota, calça, cinto e chapéu com Nossa Senhora dentro, estes meninos que saem de suas casas e viajam por todo o Brasil levam paixão, religião, adrenalina e muita coragem.
Sonora: Ailton da Costa – peão (0:55:26:18 “Enquanto tiver caminhando, to montando”)"

Na matéria sobre "Produção melado e queijo" não só amei por estar na roça, entre animais e na beira do fogão à lenha, mas também por poder levar aos telespectadores o exemplo destas famílias.

"OFF 3: É a proposta de um novo modelo econômico e social, promovendo o agroturismo. Pequenas produções familiares onde todos ganham, inclusive o meio ambiente."

A retomada dos costumes antigos, da forma de fazer ao natural, da felicidade e importância de manter a família unidade em torno de uma mesa de alimentos.

"OFF 4: Culinária da roça para atrair turistas e resgatar tradições. O leite que vai virar queijo é tirado na hora por quem entende e sabe o que faz. (...) Na cozinha, a esposa de Toninho é especialista no delicioso queijo da roça. Tudo feito na hora, cheio de segredinhos passados de geração para geração."

Mais do que isso, esta matéria mostra a felicidade destas família, que durante gerações trabalharam sempre "para o patrão" e hoje podem dizer com orgulho que produzem e comecializam seus próprios produtos.

"OFF 3: Pai e filha plantam e moem a cana. A moenda foi trazida de Campos e pertenceu ao famoso Caldo Andrade. A produção artesanal é para atrair o turista a Rio Preto."

Encerramos a matéria em torno da mesa composta por queijo, melado, caldo de cana, tudo produzido no sítio. Nos deliciamos, mas espero que tenhamos passado a mensagem desta matéria: a importância de retomar as tradições antigas e as coisas simples da vida, valorizando o ser humano e as relações humanas.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Apresentando o Interior.com


Nos últimos dois meses Paula Trindade esteve de licença e eu assumi, além das reportagens, a apresentação do Interior.com. Foi uma maravilhosa experiência.

O Artista-Educador

Esta semana o Interior.com exibiu a reportagem sobre "Animador Cultural" com imagens de Edmilson Manhães e edição de Emanuele Goulart. Através de entrevistas tentei traçar nesta matéria o perfil deste profisisonal, qual o papel dele na educação e a situação deles em Campos.

"Na década de 80 o antropólogo, escritor e político Darcy Ribeiro criou o CIEP – centro integrado de ensino público. Um projeto pedagógico de tempo integral, onde a criança, além de aulas normais, também desenvolve atividades recreativas e culturais. Através dessas oficinas pedagógicas surgiu o animador cultural - profissional que trabalha a educação popular unindo arte, escola e a comunidade."

Bem distante do sonho de Darcy, o animador hoje se encontra desamparado. No Estado, a falta de regulamentação faz com que o número de profissionais diminua a cada ano.

"Dos 1037 animadores culturais iniciais contratados pelo Estado, hoje existem menos de 400 e a tendência é que esse número diminua ainda mais. Falta capacitação e investimentos."

E no município, apesar da regulamentação, eles convivem com a falta de recursos e estrutura.

"A animação cultural é uma mistura de simplicidade, vontade e transformação. Para estes profissionais da cultura não existe nada melhor do que arrancar risos e a atenção da criançada. Contação de histórias e teatro: a cultura dinamiza a sala de aula, quebra padrões e humaniza as relações."

Na verdade a "Animação Cultura" ainda está viva (como Neide da Hora carrega no peito) pela resistência dos profissionais e estudiosos como a pesquisadora da Uenf Adélia Miglievich e o grupo de estudos coordenado pelo animador Wilson Heidenfelder. É uma resistência pela falta de valorização e de entendimento do que é o "animador cultural" e para que ele serve.

"Ao propor novos olhares, o animador transforma os alunos e a comunidade."

Darcy Ribeiro definia a cultura brasileira como uma cultura de retalhos. Não apenas por sua diversidade mas pela capacidade que cada brasileiro tem de com pequenos retalhos provocar grandes transformações. E por transformar, o animador cultural incomoda aqueles que não querem de fato uma educação pública de qualidade.

"Enquanto no Brasil não há formação específica, na Franca, o animador cultural tem curso de nível universitário, chegando a atingir cerca de 200 mil profissionais."

E como diz Adelia o animador é a esperança de poder sonhar com um país melhor "porque a escola sem cultura é caticismo sem fé".