"Na década de 80 o antropólogo, escritor e político Darcy Ribeiro criou o CIEP – centro integrado de ensino público. Um projeto pedagógico de tempo integral, onde a criança, além de aulas normais, também desenvolve atividades recreativas e culturais. Através dessas oficinas pedagógicas surgiu o animador cultural - profissional que trabalha a educação popular unindo arte, escola e a comunidade."
Bem distante do sonho de Darcy, o animador hoje se encontra desamparado. No Estado, a falta de regulamentação faz com que o número de profissionais diminua a cada ano.
"Dos 1037 animadores culturais iniciais contratados pelo Estado, hoje existem menos de 400 e a tendência é que esse número diminua ainda mais. Falta capacitação e investimentos."
E no município, apesar da regulamentação, eles convivem com a falta de recursos e estrutura.
"A animação cultural é uma mistura de simplicidade, vontade e transformação. Para estes profissionais da cultura não existe nada melhor do que arrancar risos e a atenção da criançada. Contação de histórias e teatro: a cultura dinamiza a sala de aula, quebra padrões e humaniza as relações."
Na verdade a "Animação Cultura" ainda está viva (como Neide da Hora carrega no peito) pela resistência dos profissionais e estudiosos como a pesquisadora da Uenf Adélia Miglievich e o grupo de estudos coordenado pelo animador Wilson Heidenfelder. É uma resistência pela falta de valorização e de entendimento do que é o "animador cultural" e para que ele serve.
"Ao propor novos olhares, o animador transforma os alunos e a comunidade."
Darcy Ribeiro definia a cultura brasileira como uma cultura de retalhos. Não apenas por sua diversidade mas pela capacidade que cada brasileiro tem de com pequenos retalhos provocar grandes transformações. E por transformar, o animador cultural incomoda aqueles que não querem de fato uma educação pública de qualidade.
"Enquanto no Brasil não há formação específica, na Franca, o animador cultural tem curso de nível universitário, chegando a atingir cerca de 200 mil profissionais."
E como diz Adelia o animador é a esperança de poder sonhar com um país melhor "porque a escola sem cultura é caticismo sem fé".
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