segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Texto VT Lixão

VT Lixão
Reportagem: Ferdinanda Maia
Cinegrafista: Edmilson, Leandro, Oziel
Auxiliar: Joelsinho, Yunes
Data: 19/05/2008

Sobe som

EDIÇÃO: Imagino este início de matéria com aquele silêncio mórbido, sabe. Em alguns momentos deixando vazar só o som ambiente. Intercala aqui imagens: Marli andando pela estrada de chão + imagens dos urubus.

Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 2: 0:18:14:21 “Para trabalhar lá... nem a mão no olho... nem pra comer”)

Sobe som – imagens urubu + imagens do lixo + suor no rosto de Marli

Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 2: 0:15:52:26 “Esse é meu suor... 20 em 20... posso trabalhar”)

OFF 1: São 54 anos de vida, os últimos sete passados dentro do lixão da Codim, em Campos, um dos municípios mais ricos do pais, graças aos royalties do petróleo, mas que até hoje não conseguiu acabar com as desigualdades sociais, a miséria, nem tão pouco conseguiu montar um sistema moderno e eficiente para cuidar do lixo. Foi aqui, neste banquete para urubus, que Marli tirou dinheiro para se sustentar durante todos esses anos. Foi com esse dinheiro também que ela construiu esta meia-água para um dos filhos. Marli já trabalhou em hotel, fez figuração em novelas e foi integrante do MST.

Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:57:04:26 “Quando vim pra cá não tinha casa... de piscina”)

OFF 2: Junto do MST acampou próximo ao aterro. Foi quando descobriu que existia trabalho no meio do lixo.

Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:50:36:25 “Sempre passava alguém... um dia vou descobrir... lá em cima no lixão”)

OFF 3: Marli tem problemas de saúde, um marcapasso e não consegue aposentadoria.

Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:55:10:02 “Eu fico magoada... 17 filhos, 40 netos... nada da prefeitura... nem um emprego”)

Sobe som imagens lixão, pessoas catando, poeira, urubus - AS IMAGENS devem passar o que é o lugar: poeira, calor, disputa, sobrevivência...

Sonora: Osimar Antônio dos Santos – catador (Fita 1: 0:39:03:05 “Trabalho sujo e perigoso”)

Sobe som imagens lixão, pessoas catando, poeira, urubus

Sonora: Regina Célia Pereira – catadora (Fita 1: 0:20:41:09 “Contaminação, agulha... só de dia”)

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Sonora: Osimar Antônio dos Santos – catador (Fita 1: 0:38:52:03 “Passa o dia inteiro... toma um banho... noite”)

Sobe som imagens lixão, pessoas catando, poeira, urubus

Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 1: 0:45:00:09 “o dia-a-dia... correr... poeira... assim vai”)

OFF 4: O desemprego é a principal causa destas pessoas estarem aqui. (arte) São 160 catadores cadastrados e 500 mil toneladas de lixo por dia.

Sonora: Osimar Antônio dos Santos – catador (Fita 1: 0:38:25:09 “to aqui... oportunidade... não liga pra gente”)

Sonora: Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:27:24:00 “Eu vejo o lixo como a última opção... tudo é o desemprego”)

Sonora: Regina Célia Pereira – catadora (Fita 1: 0:17:48:13 “Vim porque... roça... coisa melhor to saindo”)

OFF 5: Aos 49 anos Regina teve que vir para o lixão, de onde tira o sustento da família. Passa o dia inteiro aqui recolhendo material reciclado que seja suficiente para encher uma sacola, que eles chamam de bag.

Sonora: Regina Célia Pereira – catadora (Fita 1: 0:20:23:19 “Em casa sou eu e minha filha... pago... minha filha”)

Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 1: 0:43:52:20 “Eu cato lata... por bag... 32 reais”)

OFF 6: Cada catador tem uma quadra, onde guardam os materiais recolhidos para o dia seguinte. Para catar o lixo é preciso garantir um lugar. Os catadores disputam entre eles os melhores materiais. Disputam também contra a máquina que passa aterrando tudo.

Sonora: Regina Célia Pereira – catadora (Fita 1: 0:18:43:28 “Quando o caminhão vem... lugar... material”)

Sonora: Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:26:37:27 “Luta dia-a-dia... vê o caminhão... lutam o tempo todo por tudo”)

OFF 7: Marza e Lourdes começaram a trabalhar este ano no lixão. Elas são funcionárias da empresa responsável pelo aterro e tem como função ajudar os catadores.

Sonora: Lourdes Castilho – pedagoga (Fita 1: 0:22:52:27 “Conhecer as dificuldades... encaminhar a rede... benefícios”)

Sonora: Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:23:55:13 “A gente sabe que não vai dar conta... desemprego... amenizar”)

OFF 8: De acordo com elas chegar à rede pública é um dos maiores obstáculos dos catadores, como ter, por exemplo, acesso à escola e saúde.

Sonora: Osimar Antônio dos Santos – catador (Fita 1: 0:39:53:29 “Não tem estrutura... mais atenção... igual Campos... trabalhar aqui”) – DEIXA ELE ESBRAVEJAR

Sonora: Lourdes Castilho – pedagoga E Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:24:35:20 “Tirar documentos... 10 anos... não acredita que em Campos... existe”)

OFF 9: Conversando com os catadores Marza e Lourdes descobriram que a maioria mora próximo ao local, no bairro chamado de Terra Prometida. E a vida difícil é dentro e fora do lixão.

Sonora: Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:25:12:23 “a terra prometida... 45% dos catadores... é o lixo”)

Sonora: Osimar Antônio dos Santos – catador (Fita 1: 0:39:25:12 “Uma cidade... milhões dinheiro... mal distribuída”) - EDIÇÃO – corta o meio quando ele fala da professora

OFF 10: Um levantamento feito por elas mostrou também que (arte) 57% dos catadores vivem apenas do lixo; 59% são mulheres; 27% são totalmente analfabetos; 76% só assinam o nome e 36% estão aqui há mais de 10 anos. (fechar arte) É uma profissão passada de geração para geração. Daniele cresceu no aterro.

Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 1: 0:42:12:22 “A primeira pessoa a encontrar... mãe... vive nisso aqui”)

OFF 11: Aos 21 anos, ela só tem o ensino fundamental.

Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 1: 0:42:35:03 “Toda vez que penso em estudar... vim pra cá... é assim”)

OFF 12: Mas a jovem ainda sonha.

Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 1: 0:43:32:15 “Eu sonhava arrumar... sair daqui... que vocês estão vendo”)

OFF 13: Sair do lixo é a vontade de todos os catadores que estão aqui

Sonora: Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:30:08:07 “pelo que a gente investigou... carteira assinada... não estariam aqui”)

Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:52:27:28 “Aqui é um serviço honesto... cada um trabalha.... ganha mais”)

Sonora: Regina Célia Pereira da Silva – catadora (Fita 1: 0:21:15:01 “É um serviço como outro qualquer... honesto... não”)

OFF 14: Grande parte deles tem vergonha de mostrar o rosto. Dizem para os amigos que trabalham em outro lugar. Os catadores sofrem com o preconceito e a discriminação.

Sonora: Lourdes Castilho – pedagoga (Fita 1: 0:30:22:28 “os filhos deles... levarem biscoito... do lixo... preconceito”)

Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 2: 0:09:38:08 “Aqui tem picolé... tudo limpinho... lixo não”)

Sonora: Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:29:31:07 “Eles são estigmatizados... ser humano... é um trabalho”)

OFF 15: Tirar do lixo a própria sobrevivência é mais do que coragem para enfrentar a vida. É quando todos viram as costas e a única coisa que sobra é o caráter que cada um leva consigo.

Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:59:17:09 “O direito que eu tive... honestidade... até o final da vida”)

Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 1: 0:44:25:13 “Queria que o prefeito... é muita corrupção”)

Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:23:35:14 “Todos nós somos iguais... riqueza... é isso aqui”)

Sobe som imagens lixão + Marli na estrada de chão + imagens dela com o por do sol de fundo

Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:25:18:08 “Amanhã tudo de novo... até domingo”)

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