segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Mundo Rural

Esta semana o Interior.com exibiu duas matérias bem estilo "mundo rural". Falamos sobre o mundo do rodeio (com imagens de Osiel Azevedo e edição de Emanuele Goulart) e também sobre a produção artesanal de melado e queijo dos sítios Siriema e Nova Esperança, em Rio Preto (com imagens de Leandro Aguiar e edição de Emanuele Goulart).

Adoro o meio rural porque a família da minha mãe é da roça, São José de Ubá, mas também pela simplicidade, humildade e paz que o ambiente e as pessoas trazem.

O rodeio é praticado por pessoas do interior, mas há tempos que virou diversão de cidade.

"OFF 1:Eles vem de todas as partes e viajam para diferentes lugares.
0:00:21:21 “A gente trabalha ES, RJ, MG, BH... SP... trabalha também”
0:33:18:14 “já fui em Americana... Osasco... Morro Agudo”
0:37:24:08 “já trabalhei em Rondônia... Goiás... Rio primeira vez”
OFF 2: A maioria já nasceu na roça, em família de peões, de apaixonados pelo meio rural.
0:08:42:07 “Pra gente trabalhar feliz... sempre tive fazenda... sou feliz com isso”
0:20:15:10 “Minha família toda... com cavalo... não fui diferente”"


O interessante desta matéria foi mostrar os diversos pontos de um rodeio: profissões, animais, problemas e a paixão.

"OFF 4:Por trás do espetáculo da arena, muito trabalho, profissões diferentes e uma coisa em comum: o amor pela adrenalina.
Sobe som imagens rodeio, pessoas trabalhando
OFF 5: Para entrar numa arena o animal tem que ser bom e bicho bravo. Os melhores animais de rodeio não têm preço. Ninguém vende e muitos querem comprar."


Quem está na arquibancada não faz a menor idéia do que acontece por trás das luzes. É muito trabalho e muito machucado.

"OFF 1: Machucar, quebrar um osso faz parte da vida do peão. E os riscos não são maiores por causa de uma figura importante. Com roupas coloridas para chamar a atenção do animal, os salva-vidas se arriscam para proteger o peão."

Eles chegam bem perto da morte durante os rodeios e, por isso, são tão religiosos, com devoção ou não. Procurei também mostrar um pouquinho de cada profissão e a responsabilidade destas pessoas: madrinheiro, sedenheiro, salva-vida... é de perder as contas.

"OFF 14: Preparados em seus trajes típicos: bota, calça, cinto e chapéu com Nossa Senhora dentro, estes meninos que saem de suas casas e viajam por todo o Brasil levam paixão, religião, adrenalina e muita coragem.
Sonora: Ailton da Costa – peão (0:55:26:18 “Enquanto tiver caminhando, to montando”)"

Na matéria sobre "Produção melado e queijo" não só amei por estar na roça, entre animais e na beira do fogão à lenha, mas também por poder levar aos telespectadores o exemplo destas famílias.

"OFF 3: É a proposta de um novo modelo econômico e social, promovendo o agroturismo. Pequenas produções familiares onde todos ganham, inclusive o meio ambiente."

A retomada dos costumes antigos, da forma de fazer ao natural, da felicidade e importância de manter a família unidade em torno de uma mesa de alimentos.

"OFF 4: Culinária da roça para atrair turistas e resgatar tradições. O leite que vai virar queijo é tirado na hora por quem entende e sabe o que faz. (...) Na cozinha, a esposa de Toninho é especialista no delicioso queijo da roça. Tudo feito na hora, cheio de segredinhos passados de geração para geração."

Mais do que isso, esta matéria mostra a felicidade destas família, que durante gerações trabalharam sempre "para o patrão" e hoje podem dizer com orgulho que produzem e comecializam seus próprios produtos.

"OFF 3: Pai e filha plantam e moem a cana. A moenda foi trazida de Campos e pertenceu ao famoso Caldo Andrade. A produção artesanal é para atrair o turista a Rio Preto."

Encerramos a matéria em torno da mesa composta por queijo, melado, caldo de cana, tudo produzido no sítio. Nos deliciamos, mas espero que tenhamos passado a mensagem desta matéria: a importância de retomar as tradições antigas e as coisas simples da vida, valorizando o ser humano e as relações humanas.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Apresentando o Interior.com


Nos últimos dois meses Paula Trindade esteve de licença e eu assumi, além das reportagens, a apresentação do Interior.com. Foi uma maravilhosa experiência.

O Artista-Educador

Esta semana o Interior.com exibiu a reportagem sobre "Animador Cultural" com imagens de Edmilson Manhães e edição de Emanuele Goulart. Através de entrevistas tentei traçar nesta matéria o perfil deste profisisonal, qual o papel dele na educação e a situação deles em Campos.

"Na década de 80 o antropólogo, escritor e político Darcy Ribeiro criou o CIEP – centro integrado de ensino público. Um projeto pedagógico de tempo integral, onde a criança, além de aulas normais, também desenvolve atividades recreativas e culturais. Através dessas oficinas pedagógicas surgiu o animador cultural - profissional que trabalha a educação popular unindo arte, escola e a comunidade."

Bem distante do sonho de Darcy, o animador hoje se encontra desamparado. No Estado, a falta de regulamentação faz com que o número de profissionais diminua a cada ano.

"Dos 1037 animadores culturais iniciais contratados pelo Estado, hoje existem menos de 400 e a tendência é que esse número diminua ainda mais. Falta capacitação e investimentos."

E no município, apesar da regulamentação, eles convivem com a falta de recursos e estrutura.

"A animação cultural é uma mistura de simplicidade, vontade e transformação. Para estes profissionais da cultura não existe nada melhor do que arrancar risos e a atenção da criançada. Contação de histórias e teatro: a cultura dinamiza a sala de aula, quebra padrões e humaniza as relações."

Na verdade a "Animação Cultura" ainda está viva (como Neide da Hora carrega no peito) pela resistência dos profissionais e estudiosos como a pesquisadora da Uenf Adélia Miglievich e o grupo de estudos coordenado pelo animador Wilson Heidenfelder. É uma resistência pela falta de valorização e de entendimento do que é o "animador cultural" e para que ele serve.

"Ao propor novos olhares, o animador transforma os alunos e a comunidade."

Darcy Ribeiro definia a cultura brasileira como uma cultura de retalhos. Não apenas por sua diversidade mas pela capacidade que cada brasileiro tem de com pequenos retalhos provocar grandes transformações. E por transformar, o animador cultural incomoda aqueles que não querem de fato uma educação pública de qualidade.

"Enquanto no Brasil não há formação específica, na Franca, o animador cultural tem curso de nível universitário, chegando a atingir cerca de 200 mil profissionais."

E como diz Adelia o animador é a esperança de poder sonhar com um país melhor "porque a escola sem cultura é caticismo sem fé".


quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Mandiquera e seu exemplo

Sou apaixonada por fazer matérias em prédios históricos, ricos em informações e curiosidades. Com isso, virei fã de carteirinha do município de Quissamã, que respira e transpira cultura e preservação.
O Solar da Mandiquera é um exemplo do cuidado que o poder público tem em preservar o patrimônio da cidade. Mas é só um dos exemplos, existem vários.
"O Solar da Mandiquera, em Quissamã, chama a atenção não só pelo luxo e beleza, mas também pelas histórias que guarda em cada pintura, cada canto desta casa de 26 cômodos e 42 janelas."
O casarão que foi cenário para de dois filmes - Tanga e O coronel e o Lobisomem - está em estado precário, mas desde o início do ano começou a receber uma reforma e também será restaurado. Um processo que vai levar cerca de 5 anos. São muitos os detalhes.
"A casa de Mandiquera foi construída no século XIX, de 1871 a 1875 e é considerada a construção rural mais luxuosa da época revelando toda a imponência do Brasil Imperial. Pertencia a Bento Carneiro da Silva, filho do Visconde de Araruama, o homem mais poderoso dos engenhos de cana de açúcar."
Peças antigas estão sendo recuperadas e cada canto da casa revela os costumes e a cultura de uma época. Uma das coisas que mais me impressionou no Solar foram as pinturas na parede. Perfeitas, lindas, intocáveis pelo tempo, algumas ainda com riscos de lápis.
"O solar da Mandiquera foi construído com uma arquitetura baseada no Petit Trianon, em Paris. Todo o material utilizado, principalmente de decoração, tem origem estrangeira."
Parece meio neurótico, mas´dentro do casarão é possível sentir o cheiro, o clima e imaginar - numa espécie de viagem mesmo - tudo o que acontecia naqueles corredores, nas salas, nos porões...
"Agora a gente vai entrar no porão de serviço, que tem ligação direta com a cozinha. Acredita-se que neste compartimento aqui era onde ficavam os mantimentos da casa e, neste outro, onde os escravos comiam e descansavam.”
Tomar banho, ir ao banheiro, tudo era feito no porão e isso inclui a rotina dos nobres. É no porão também que ficava um sistema de drenagem.
"É impressionante! O sistema de drenagem mostra as habilidades de um século em que nem se pensava em tecnologia. A banheira e o mictório também estão lá, intactos. Aos poucos a história da Mandiquera vai sendo remontada como um quebra-cabeça revelando histórias, modos de vida e uma riqueza de valor inestimável."

Foi uma matéria especial. Com belíssimas imagens de Edmilson Manhães e uma edição impecável de Paulo Marques.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O Porto de Ilusões

A matéria sobre o Porto do Açu foi sugerida por nosso diretor Maurício Nani. A idéia era mostrar toda a obra que está sendo realizada, o que é este porto, qual a sua função e os impactos que ele irá gerar na economia, no meio ambiente e na sociedade. Um raio-x.

Quando cheguei na área do porto o que mais me impressionou foi a imensidão da obra. É gigantesca mesmo! Havia estado lá há um ano atrás quando ainda estavam arrancando as cercas de arame farpado.

Hoje o canteiro de obras com mais de 1000 pessoas trabalhando é de impressionar. Mas ao terminar esta matéria pudemos constatar que são poucas as pessoas que entendem realmente o que está e o que irá acontecer.

O porto do Açu é uma fábrica de muitas ilusões e ainda não estou certa se os reflexos positivos serão maiores que os negativos.

"Um município de tradição agrícola que vive no momento uma revolução econômica e social. São João da Barra recebe um dos maiores empreendimentos do país. O Complexo Logístico e Portuário do Açu está avaliado em (arte) 6 bilhões de reais e trata-se do maior investimento privado em terminal marítimo da história recente".

Fomos muito bem recebidos pela equipe da MMX / LLX. Pessoas que realmente entendem o que estão fazendo, profissionais altamente capacitados. Estivemos lá duas vezes e mais uma em São João da Barra e tivemos que fazer outras sonoras em Campos. Acho que fiquei uns três dias para decupar e escrever o texto.

"Este tipo de investimento aumenta o número de emprego, melhora o padrão de vida da população e proporciona o crescimento econômico da região. O município de São João da Barra vai pular dos atuais (abre arte) 29 mil habitantes para 100 mil, em cinco anos".

É incrível pensar nas coisas grandiosas que o homem é capaz de contruir. Na Usina de Concreto instalada no local são utilizadas quantidades inimagináveis de areia, cimento, água, etc. Um dos pontos mais ousados é a construção da ponte que irá transportar os materiais até o pier de atracação dos navios. Ela terá 27m de largura, 500m de extensão em terra e 2km na água.

"Na beira mar engenheiros, topógrafos e especialistas analisam cada detalhe desta mega obra. A ponte será mais larga que a Rio-Niterói e deverá ter uma capacidade máxima de pelo menos 400 toneladas".

A comunidade local corre atrás de cursos de qualificação, 150 caminhoneiros fazem de 2 a 3 viagens por dia, empresários começam a perceber que é preciso investir no setor de serviços como hotéis, restaurantes, postos de gasolina, etc. Só que as necessidades de hoje não serão mais as mesmas no futuro, serão diferentes e quem não se preparar vai apenas observar o trem passar.

"Na fase de operação do porto os empregos gerados serão a metade dos que estão sendo oferecidos agora. (abre arte) Estima-se 700 diretos e 1800 indiretos (fecha arte). E o que fazer com este contingente populacional atraído para a região em busca de uma oportunidade que não virá?"

Criminalidade, prostituição, uma nova Macaé é o que temem os especialistas. Todos falam deste mega empreendimento, mas poucos discutem os impactos sociais e ambientais que já começaram. E quanto isso vai custar para a região, quem vai pagar a conta? É esta a pergunta do ambientalista Felipe Muniz, que muito contribuiu com esta matéria.

"Na área do porto, o solo foi elevado em 2 metros e meio. Para isso cerca de 100 hectares foram cavados formando estes enormes buracos chamados de áreas de empréstimo (Fita 1: 2:04:00:00). Para tapar estas áreas uma draga chinesa como esta (foto) trará areia do alto mar para a terra. A draga vai retirar do mar cerca de (abre arte) 6 milhões e meio de metros cúbicos de areia (fecha arte). Para construir o quebra-mar mais impactos: (arte – não temos imagens disso) 2 milhões e 800 mil metros cúbicos de pedra serão trazidos de Ibitioca para o Açu. São cerca de 7 milhões de toneladas de pedras que precisarão de cerca de 700 mil caminhões para serem transportadas".
P.S.: Todos estes caminhões passando pela BR 101, por dentro de Campos e pela BR 356, já extremamente desgastadas.
"O trauma é a obscuridade", diz Felipe, que cobra a participação dos órgãos responsáveis na fiscalização e na cobrança das compensações sócio-ambientais. O cenário regional vai mudar definitivamente e se não houver um planejamento entraremos em um verdadeiro caos.
“Precisamos de pessoas que pensem porque só se fala do sucesso desta obra e os problemas que ela vai trazer?", diz Felipe.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Entre urubus e sonhos


A idéia de fazer uma matéria no lixão surgiu após a visita de uma das equipes da VCE para capturar imagens para o documentário “Mova Brasil”. Me lembro que alguém disse assim: “Ferdinanda, você tem que ir lá”.


Eu fui! Não foi fácil conseguir entrar. Nossa produtora Manuela Bicudo passou semanas fazendo contato com eles para termos uma autorização. E um dia não foi suficiente. Fomos dois dias, um terceiro dia na casa da D. Marli, que acabou se tornando uma personagem da matéria, pela sua história e disponibilidade em falar com a gente.


Um quarto dia de gravação seria à noite porque segundo relatos dos catadores a situação quando o sol se põe é ainda mais degradante. Não conseguimos. Nossa equipe foi por três vezes ao local, com autorização, mas não conseguiu entrar. A resposta fica subentendida para como cada um quiser interpretar...


Lembro do cheiro, do calor e da sensação que tive quando cheguei ao lixão. Ainda nem tinha subido o morro do aterro e pude sentir a mistura de dor, vergonha e luta que é estar naquele lugar.


"Esse é meu suor..." "trabalho sujo, perigoso..." "correr atrás do caminhão..." "garantir um lugar..." "ninguém liga pra gente"... são umas das muitas coisas que se ouve lá em cima.


"Eu vejo o lixo como a última opção", me disse a assistente social Marza Batista.


Conheci gerações inteiras lá dentro, serviço passado de pai para filho. Adolescentes, mulheres grávidas, idosos. Quando nosso cinegrafista ligou a câmera, a maioria não quis falar. Sentem vergonha de estar ali. São desprezados, humilhados por estarem ali, mas fazem o trabalho sujo, que tanto a cidade depende. Para mim aquilo não deveria existir.


"Foi aqui, neste banquete para urubus, que Marli tirou dinheiro para se sustentar durante todos esses anos. Foi com esse dinheiro também que ela construiu esta meia-água para um dos filhos. Marli já trabalhou em hotel, fez figuração em novelas e foi integrante do MST". Conheci Marli no lixão, uma mulher forte, de fibra, que aos 54 anos de vida trabalha de domingo a domingo. "Eu fico magoada... 17 filhos, 40 netos... nada da prefeitura... nem um emprego”. Ela é o espelho de muitos que não tem coragem de falar.


Texto VT Lixão

VT Lixão
Reportagem: Ferdinanda Maia
Cinegrafista: Edmilson, Leandro, Oziel
Auxiliar: Joelsinho, Yunes
Data: 19/05/2008

Sobe som

EDIÇÃO: Imagino este início de matéria com aquele silêncio mórbido, sabe. Em alguns momentos deixando vazar só o som ambiente. Intercala aqui imagens: Marli andando pela estrada de chão + imagens dos urubus.

Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 2: 0:18:14:21 “Para trabalhar lá... nem a mão no olho... nem pra comer”)

Sobe som – imagens urubu + imagens do lixo + suor no rosto de Marli

Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 2: 0:15:52:26 “Esse é meu suor... 20 em 20... posso trabalhar”)

OFF 1: São 54 anos de vida, os últimos sete passados dentro do lixão da Codim, em Campos, um dos municípios mais ricos do pais, graças aos royalties do petróleo, mas que até hoje não conseguiu acabar com as desigualdades sociais, a miséria, nem tão pouco conseguiu montar um sistema moderno e eficiente para cuidar do lixo. Foi aqui, neste banquete para urubus, que Marli tirou dinheiro para se sustentar durante todos esses anos. Foi com esse dinheiro também que ela construiu esta meia-água para um dos filhos. Marli já trabalhou em hotel, fez figuração em novelas e foi integrante do MST.

Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:57:04:26 “Quando vim pra cá não tinha casa... de piscina”)

OFF 2: Junto do MST acampou próximo ao aterro. Foi quando descobriu que existia trabalho no meio do lixo.

Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:50:36:25 “Sempre passava alguém... um dia vou descobrir... lá em cima no lixão”)

OFF 3: Marli tem problemas de saúde, um marcapasso e não consegue aposentadoria.

Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:55:10:02 “Eu fico magoada... 17 filhos, 40 netos... nada da prefeitura... nem um emprego”)

Sobe som imagens lixão, pessoas catando, poeira, urubus - AS IMAGENS devem passar o que é o lugar: poeira, calor, disputa, sobrevivência...

Sonora: Osimar Antônio dos Santos – catador (Fita 1: 0:39:03:05 “Trabalho sujo e perigoso”)

Sobe som imagens lixão, pessoas catando, poeira, urubus

Sonora: Regina Célia Pereira – catadora (Fita 1: 0:20:41:09 “Contaminação, agulha... só de dia”)

Sobe som imagens lixão, pessoas catando, poeira, urubus

Sonora: Osimar Antônio dos Santos – catador (Fita 1: 0:38:52:03 “Passa o dia inteiro... toma um banho... noite”)

Sobe som imagens lixão, pessoas catando, poeira, urubus

Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 1: 0:45:00:09 “o dia-a-dia... correr... poeira... assim vai”)

OFF 4: O desemprego é a principal causa destas pessoas estarem aqui. (arte) São 160 catadores cadastrados e 500 mil toneladas de lixo por dia.

Sonora: Osimar Antônio dos Santos – catador (Fita 1: 0:38:25:09 “to aqui... oportunidade... não liga pra gente”)

Sonora: Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:27:24:00 “Eu vejo o lixo como a última opção... tudo é o desemprego”)

Sonora: Regina Célia Pereira – catadora (Fita 1: 0:17:48:13 “Vim porque... roça... coisa melhor to saindo”)

OFF 5: Aos 49 anos Regina teve que vir para o lixão, de onde tira o sustento da família. Passa o dia inteiro aqui recolhendo material reciclado que seja suficiente para encher uma sacola, que eles chamam de bag.

Sonora: Regina Célia Pereira – catadora (Fita 1: 0:20:23:19 “Em casa sou eu e minha filha... pago... minha filha”)

Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 1: 0:43:52:20 “Eu cato lata... por bag... 32 reais”)

OFF 6: Cada catador tem uma quadra, onde guardam os materiais recolhidos para o dia seguinte. Para catar o lixo é preciso garantir um lugar. Os catadores disputam entre eles os melhores materiais. Disputam também contra a máquina que passa aterrando tudo.

Sonora: Regina Célia Pereira – catadora (Fita 1: 0:18:43:28 “Quando o caminhão vem... lugar... material”)

Sonora: Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:26:37:27 “Luta dia-a-dia... vê o caminhão... lutam o tempo todo por tudo”)

OFF 7: Marza e Lourdes começaram a trabalhar este ano no lixão. Elas são funcionárias da empresa responsável pelo aterro e tem como função ajudar os catadores.

Sonora: Lourdes Castilho – pedagoga (Fita 1: 0:22:52:27 “Conhecer as dificuldades... encaminhar a rede... benefícios”)

Sonora: Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:23:55:13 “A gente sabe que não vai dar conta... desemprego... amenizar”)

OFF 8: De acordo com elas chegar à rede pública é um dos maiores obstáculos dos catadores, como ter, por exemplo, acesso à escola e saúde.

Sonora: Osimar Antônio dos Santos – catador (Fita 1: 0:39:53:29 “Não tem estrutura... mais atenção... igual Campos... trabalhar aqui”) – DEIXA ELE ESBRAVEJAR

Sonora: Lourdes Castilho – pedagoga E Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:24:35:20 “Tirar documentos... 10 anos... não acredita que em Campos... existe”)

OFF 9: Conversando com os catadores Marza e Lourdes descobriram que a maioria mora próximo ao local, no bairro chamado de Terra Prometida. E a vida difícil é dentro e fora do lixão.

Sonora: Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:25:12:23 “a terra prometida... 45% dos catadores... é o lixo”)

Sonora: Osimar Antônio dos Santos – catador (Fita 1: 0:39:25:12 “Uma cidade... milhões dinheiro... mal distribuída”) - EDIÇÃO – corta o meio quando ele fala da professora

OFF 10: Um levantamento feito por elas mostrou também que (arte) 57% dos catadores vivem apenas do lixo; 59% são mulheres; 27% são totalmente analfabetos; 76% só assinam o nome e 36% estão aqui há mais de 10 anos. (fechar arte) É uma profissão passada de geração para geração. Daniele cresceu no aterro.

Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 1: 0:42:12:22 “A primeira pessoa a encontrar... mãe... vive nisso aqui”)

OFF 11: Aos 21 anos, ela só tem o ensino fundamental.

Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 1: 0:42:35:03 “Toda vez que penso em estudar... vim pra cá... é assim”)

OFF 12: Mas a jovem ainda sonha.

Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 1: 0:43:32:15 “Eu sonhava arrumar... sair daqui... que vocês estão vendo”)

OFF 13: Sair do lixo é a vontade de todos os catadores que estão aqui

Sonora: Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:30:08:07 “pelo que a gente investigou... carteira assinada... não estariam aqui”)

Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:52:27:28 “Aqui é um serviço honesto... cada um trabalha.... ganha mais”)

Sonora: Regina Célia Pereira da Silva – catadora (Fita 1: 0:21:15:01 “É um serviço como outro qualquer... honesto... não”)

OFF 14: Grande parte deles tem vergonha de mostrar o rosto. Dizem para os amigos que trabalham em outro lugar. Os catadores sofrem com o preconceito e a discriminação.

Sonora: Lourdes Castilho – pedagoga (Fita 1: 0:30:22:28 “os filhos deles... levarem biscoito... do lixo... preconceito”)

Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 2: 0:09:38:08 “Aqui tem picolé... tudo limpinho... lixo não”)

Sonora: Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:29:31:07 “Eles são estigmatizados... ser humano... é um trabalho”)

OFF 15: Tirar do lixo a própria sobrevivência é mais do que coragem para enfrentar a vida. É quando todos viram as costas e a única coisa que sobra é o caráter que cada um leva consigo.

Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:59:17:09 “O direito que eu tive... honestidade... até o final da vida”)

Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 1: 0:44:25:13 “Queria que o prefeito... é muita corrupção”)

Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:23:35:14 “Todos nós somos iguais... riqueza... é isso aqui”)

Sobe som imagens lixão + Marli na estrada de chão + imagens dela com o por do sol de fundo

Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:25:18:08 “Amanhã tudo de novo... até domingo”)