segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Mundo Rural
Adoro o meio rural porque a família da minha mãe é da roça, São José de Ubá, mas também pela simplicidade, humildade e paz que o ambiente e as pessoas trazem.
O rodeio é praticado por pessoas do interior, mas há tempos que virou diversão de cidade.
"OFF 1:Eles vem de todas as partes e viajam para diferentes lugares.
0:00:21:21 “A gente trabalha ES, RJ, MG, BH... SP... trabalha também”
0:33:18:14 “já fui em Americana... Osasco... Morro Agudo”
0:37:24:08 “já trabalhei em Rondônia... Goiás... Rio primeira vez”
OFF 2: A maioria já nasceu na roça, em família de peões, de apaixonados pelo meio rural.
0:08:42:07 “Pra gente trabalhar feliz... sempre tive fazenda... sou feliz com isso”
0:20:15:10 “Minha família toda... com cavalo... não fui diferente”"
O interessante desta matéria foi mostrar os diversos pontos de um rodeio: profissões, animais, problemas e a paixão.
"OFF 4:Por trás do espetáculo da arena, muito trabalho, profissões diferentes e uma coisa em comum: o amor pela adrenalina.
Sobe som imagens rodeio, pessoas trabalhando
OFF 5: Para entrar numa arena o animal tem que ser bom e bicho bravo. Os melhores animais de rodeio não têm preço. Ninguém vende e muitos querem comprar."
Quem está na arquibancada não faz a menor idéia do que acontece por trás das luzes. É muito trabalho e muito machucado.
"OFF 1: Machucar, quebrar um osso faz parte da vida do peão. E os riscos não são maiores por causa de uma figura importante. Com roupas coloridas para chamar a atenção do animal, os salva-vidas se arriscam para proteger o peão."
Eles chegam bem perto da morte durante os rodeios e, por isso, são tão religiosos, com devoção ou não. Procurei também mostrar um pouquinho de cada profissão e a responsabilidade destas pessoas: madrinheiro, sedenheiro, salva-vida... é de perder as contas.
"OFF 14: Preparados em seus trajes típicos: bota, calça, cinto e chapéu com Nossa Senhora dentro, estes meninos que saem de suas casas e viajam por todo o Brasil levam paixão, religião, adrenalina e muita coragem.
Sonora: Ailton da Costa – peão (0:55:26:18 “Enquanto tiver caminhando, to montando”)"
Na matéria sobre "Produção melado e queijo" não só amei por estar na roça, entre animais e na beira do fogão à lenha, mas também por poder levar aos telespectadores o exemplo destas famílias.
"OFF 3: É a proposta de um novo modelo econômico e social, promovendo o agroturismo. Pequenas produções familiares onde todos ganham, inclusive o meio ambiente."
A retomada dos costumes antigos, da forma de fazer ao natural, da felicidade e importância de manter a família unidade em torno de uma mesa de alimentos.
"OFF 4: Culinária da roça para atrair turistas e resgatar tradições. O leite que vai virar queijo é tirado na hora por quem entende e sabe o que faz. (...) Na cozinha, a esposa de Toninho é especialista no delicioso queijo da roça. Tudo feito na hora, cheio de segredinhos passados de geração para geração."
Mais do que isso, esta matéria mostra a felicidade destas família, que durante gerações trabalharam sempre "para o patrão" e hoje podem dizer com orgulho que produzem e comecializam seus próprios produtos.
"OFF 3: Pai e filha plantam e moem a cana. A moenda foi trazida de Campos e pertenceu ao famoso Caldo Andrade. A produção artesanal é para atrair o turista a Rio Preto."
Encerramos a matéria em torno da mesa composta por queijo, melado, caldo de cana, tudo produzido no sítio. Nos deliciamos, mas espero que tenhamos passado a mensagem desta matéria: a importância de retomar as tradições antigas e as coisas simples da vida, valorizando o ser humano e as relações humanas.
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Apresentando o Interior.com
O Artista-Educador
"Na década de 80 o antropólogo, escritor e político Darcy Ribeiro criou o CIEP – centro integrado de ensino público. Um projeto pedagógico de tempo integral, onde a criança, além de aulas normais, também desenvolve atividades recreativas e culturais. Através dessas oficinas pedagógicas surgiu o animador cultural - profissional que trabalha a educação popular unindo arte, escola e a comunidade."
Bem distante do sonho de Darcy, o animador hoje se encontra desamparado. No Estado, a falta de regulamentação faz com que o número de profissionais diminua a cada ano.
"Dos 1037 animadores culturais iniciais contratados pelo Estado, hoje existem menos de 400 e a tendência é que esse número diminua ainda mais. Falta capacitação e investimentos."
E no município, apesar da regulamentação, eles convivem com a falta de recursos e estrutura.
"A animação cultural é uma mistura de simplicidade, vontade e transformação. Para estes profissionais da cultura não existe nada melhor do que arrancar risos e a atenção da criançada. Contação de histórias e teatro: a cultura dinamiza a sala de aula, quebra padrões e humaniza as relações."
Na verdade a "Animação Cultura" ainda está viva (como Neide da Hora carrega no peito) pela resistência dos profissionais e estudiosos como a pesquisadora da Uenf Adélia Miglievich e o grupo de estudos coordenado pelo animador Wilson Heidenfelder. É uma resistência pela falta de valorização e de entendimento do que é o "animador cultural" e para que ele serve.
"Ao propor novos olhares, o animador transforma os alunos e a comunidade."
Darcy Ribeiro definia a cultura brasileira como uma cultura de retalhos. Não apenas por sua diversidade mas pela capacidade que cada brasileiro tem de com pequenos retalhos provocar grandes transformações. E por transformar, o animador cultural incomoda aqueles que não querem de fato uma educação pública de qualidade.
"Enquanto no Brasil não há formação específica, na Franca, o animador cultural tem curso de nível universitário, chegando a atingir cerca de 200 mil profissionais."
E como diz Adelia o animador é a esperança de poder sonhar com um país melhor "porque a escola sem cultura é caticismo sem fé".
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Mandiquera e seu exemplo
"O solar da Mandiquera foi construído com uma arquitetura baseada no Petit Trianon, em Paris. Todo o material utilizado, principalmente de decoração, tem origem estrangeira."
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
O Porto de Ilusões
Quando cheguei na área do porto o que mais me impressionou foi a imensidão da obra. É gigantesca mesmo! Havia estado lá há um ano atrás quando ainda estavam arrancando as cercas de arame farpado.
Hoje o canteiro de obras com mais de 1000 pessoas trabalhando é de impressionar. Mas ao terminar esta matéria pudemos constatar que são poucas as pessoas que entendem realmente o que está e o que irá acontecer.
O porto do Açu é uma fábrica de muitas ilusões e ainda não estou certa se os reflexos positivos serão maiores que os negativos.
"Um município de tradição agrícola que vive no momento uma revolução econômica e social. São João da Barra recebe um dos maiores empreendimentos do país. O Complexo Logístico e Portuário do Açu está avaliado em (arte) 6 bilhões de reais e trata-se do maior investimento privado em terminal marítimo da história recente".
Fomos muito bem recebidos pela equipe da MMX / LLX. Pessoas que realmente entendem o que estão fazendo, profissionais altamente capacitados. Estivemos lá duas vezes e mais uma em São João da Barra e tivemos que fazer outras sonoras em Campos. Acho que fiquei uns três dias para decupar e escrever o texto.
"Este tipo de investimento aumenta o número de emprego, melhora o padrão de vida da população e proporciona o crescimento econômico da região. O município de São João da Barra vai pular dos atuais (abre arte) 29 mil habitantes para 100 mil, em cinco anos".
É incrível pensar nas coisas grandiosas que o homem é capaz de contruir. Na Usina de Concreto instalada no local são utilizadas quantidades inimagináveis de areia, cimento, água, etc. Um dos pontos mais ousados é a construção da ponte que irá transportar os materiais até o pier de atracação dos navios. Ela terá 27m de largura, 500m de extensão em terra e 2km na água.
"Na beira mar engenheiros, topógrafos e especialistas analisam cada detalhe desta mega obra. A ponte será mais larga que a Rio-Niterói e deverá ter uma capacidade máxima de pelo menos 400 toneladas".
A comunidade local corre atrás de cursos de qualificação, 150 caminhoneiros fazem de 2 a 3 viagens por dia, empresários começam a perceber que é preciso investir no setor de serviços como hotéis, restaurantes, postos de gasolina, etc. Só que as necessidades de hoje não serão mais as mesmas no futuro, serão diferentes e quem não se preparar vai apenas observar o trem passar.
"Na fase de operação do porto os empregos gerados serão a metade dos que estão sendo oferecidos agora. (abre arte) Estima-se 700 diretos e 1800 indiretos (fecha arte). E o que fazer com este contingente populacional atraído para a região em busca de uma oportunidade que não virá?"
Criminalidade, prostituição, uma nova Macaé é o que temem os especialistas. Todos falam deste mega empreendimento, mas poucos discutem os impactos sociais e ambientais que já começaram. E quanto isso vai custar para a região, quem vai pagar a conta? É esta a pergunta do ambientalista Felipe Muniz, que muito contribuiu com esta matéria.
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Entre urubus e sonhos
Texto VT Lixão
Reportagem: Ferdinanda Maia
Cinegrafista: Edmilson, Leandro, Oziel
Auxiliar: Joelsinho, Yunes
Data: 19/05/2008
Sobe som
EDIÇÃO: Imagino este início de matéria com aquele silêncio mórbido, sabe. Em alguns momentos deixando vazar só o som ambiente. Intercala aqui imagens: Marli andando pela estrada de chão + imagens dos urubus.
Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 2: 0:18:14:21 “Para trabalhar lá... nem a mão no olho... nem pra comer”)
Sobe som – imagens urubu + imagens do lixo + suor no rosto de Marli
Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 2: 0:15:52:26 “Esse é meu suor... 20 em 20... posso trabalhar”)
OFF 1: São 54 anos de vida, os últimos sete passados dentro do lixão da Codim, em Campos, um dos municípios mais ricos do pais, graças aos royalties do petróleo, mas que até hoje não conseguiu acabar com as desigualdades sociais, a miséria, nem tão pouco conseguiu montar um sistema moderno e eficiente para cuidar do lixo. Foi aqui, neste banquete para urubus, que Marli tirou dinheiro para se sustentar durante todos esses anos. Foi com esse dinheiro também que ela construiu esta meia-água para um dos filhos. Marli já trabalhou em hotel, fez figuração em novelas e foi integrante do MST.
Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:57:04:26 “Quando vim pra cá não tinha casa... de piscina”)
OFF 2: Junto do MST acampou próximo ao aterro. Foi quando descobriu que existia trabalho no meio do lixo.
Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:50:36:25 “Sempre passava alguém... um dia vou descobrir... lá em cima no lixão”)
OFF 3: Marli tem problemas de saúde, um marcapasso e não consegue aposentadoria.
Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:55:10:02 “Eu fico magoada... 17 filhos, 40 netos... nada da prefeitura... nem um emprego”)
Sobe som imagens lixão, pessoas catando, poeira, urubus - AS IMAGENS devem passar o que é o lugar: poeira, calor, disputa, sobrevivência...
Sonora: Osimar Antônio dos Santos – catador (Fita 1: 0:39:03:05 “Trabalho sujo e perigoso”)
Sobe som imagens lixão, pessoas catando, poeira, urubus
Sonora: Regina Célia Pereira – catadora (Fita 1: 0:20:41:09 “Contaminação, agulha... só de dia”)
Sobe som imagens lixão, pessoas catando, poeira, urubus
Sonora: Osimar Antônio dos Santos – catador (Fita 1: 0:38:52:03 “Passa o dia inteiro... toma um banho... noite”)
Sobe som imagens lixão, pessoas catando, poeira, urubus
Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 1: 0:45:00:09 “o dia-a-dia... correr... poeira... assim vai”)
OFF 4: O desemprego é a principal causa destas pessoas estarem aqui. (arte) São 160 catadores cadastrados e 500 mil toneladas de lixo por dia.
Sonora: Osimar Antônio dos Santos – catador (Fita 1: 0:38:25:09 “to aqui... oportunidade... não liga pra gente”)
Sonora: Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:27:24:00 “Eu vejo o lixo como a última opção... tudo é o desemprego”)
Sonora: Regina Célia Pereira – catadora (Fita 1: 0:17:48:13 “Vim porque... roça... coisa melhor to saindo”)
OFF 5: Aos 49 anos Regina teve que vir para o lixão, de onde tira o sustento da família. Passa o dia inteiro aqui recolhendo material reciclado que seja suficiente para encher uma sacola, que eles chamam de bag.
Sonora: Regina Célia Pereira – catadora (Fita 1: 0:20:23:19 “Em casa sou eu e minha filha... pago... minha filha”)
Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 1: 0:43:52:20 “Eu cato lata... por bag... 32 reais”)
OFF 6: Cada catador tem uma quadra, onde guardam os materiais recolhidos para o dia seguinte. Para catar o lixo é preciso garantir um lugar. Os catadores disputam entre eles os melhores materiais. Disputam também contra a máquina que passa aterrando tudo.
Sonora: Regina Célia Pereira – catadora (Fita 1: 0:18:43:28 “Quando o caminhão vem... lugar... material”)
Sonora: Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:26:37:27 “Luta dia-a-dia... vê o caminhão... lutam o tempo todo por tudo”)
OFF 7: Marza e Lourdes começaram a trabalhar este ano no lixão. Elas são funcionárias da empresa responsável pelo aterro e tem como função ajudar os catadores.
Sonora: Lourdes Castilho – pedagoga (Fita 1: 0:22:52:27 “Conhecer as dificuldades... encaminhar a rede... benefícios”)
Sonora: Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:23:55:13 “A gente sabe que não vai dar conta... desemprego... amenizar”)
OFF 8: De acordo com elas chegar à rede pública é um dos maiores obstáculos dos catadores, como ter, por exemplo, acesso à escola e saúde.
Sonora: Osimar Antônio dos Santos – catador (Fita 1: 0:39:53:29 “Não tem estrutura... mais atenção... igual Campos... trabalhar aqui”) – DEIXA ELE ESBRAVEJAR
Sonora: Lourdes Castilho – pedagoga E Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:24:35:20 “Tirar documentos... 10 anos... não acredita que em Campos... existe”)
OFF 9: Conversando com os catadores Marza e Lourdes descobriram que a maioria mora próximo ao local, no bairro chamado de Terra Prometida. E a vida difícil é dentro e fora do lixão.
Sonora: Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:25:12:23 “a terra prometida... 45% dos catadores... é o lixo”)
Sonora: Osimar Antônio dos Santos – catador (Fita 1: 0:39:25:12 “Uma cidade... milhões dinheiro... mal distribuída”) - EDIÇÃO – corta o meio quando ele fala da professora
OFF 10: Um levantamento feito por elas mostrou também que (arte) 57% dos catadores vivem apenas do lixo; 59% são mulheres; 27% são totalmente analfabetos; 76% só assinam o nome e 36% estão aqui há mais de 10 anos. (fechar arte) É uma profissão passada de geração para geração. Daniele cresceu no aterro.
Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 1: 0:42:12:22 “A primeira pessoa a encontrar... mãe... vive nisso aqui”)
OFF 11: Aos 21 anos, ela só tem o ensino fundamental.
Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 1: 0:42:35:03 “Toda vez que penso em estudar... vim pra cá... é assim”)
OFF 12: Mas a jovem ainda sonha.
Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 1: 0:43:32:15 “Eu sonhava arrumar... sair daqui... que vocês estão vendo”)
OFF 13: Sair do lixo é a vontade de todos os catadores que estão aqui
Sonora: Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:30:08:07 “pelo que a gente investigou... carteira assinada... não estariam aqui”)
Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:52:27:28 “Aqui é um serviço honesto... cada um trabalha.... ganha mais”)
Sonora: Regina Célia Pereira da Silva – catadora (Fita 1: 0:21:15:01 “É um serviço como outro qualquer... honesto... não”)
OFF 14: Grande parte deles tem vergonha de mostrar o rosto. Dizem para os amigos que trabalham em outro lugar. Os catadores sofrem com o preconceito e a discriminação.
Sonora: Lourdes Castilho – pedagoga (Fita 1: 0:30:22:28 “os filhos deles... levarem biscoito... do lixo... preconceito”)
Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 2: 0:09:38:08 “Aqui tem picolé... tudo limpinho... lixo não”)
Sonora: Marza Batista – assistente social (Fita 1: 0:29:31:07 “Eles são estigmatizados... ser humano... é um trabalho”)
OFF 15: Tirar do lixo a própria sobrevivência é mais do que coragem para enfrentar a vida. É quando todos viram as costas e a única coisa que sobra é o caráter que cada um leva consigo.
Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:59:17:09 “O direito que eu tive... honestidade... até o final da vida”)
Sonora: Daniele dos Santos Alvarenga – catadora (Fita 1: 0:44:25:13 “Queria que o prefeito... é muita corrupção”)
Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:23:35:14 “Todos nós somos iguais... riqueza... é isso aqui”)
Sobe som imagens lixão + Marli na estrada de chão + imagens dela com o por do sol de fundo
Sonora: Marli Penha Bueno – catadora (Fita 1: 0:25:18:08 “Amanhã tudo de novo... até domingo”)
sábado, 27 de setembro de 2008
Água no Planeta
Reuni neste VT um pouco do uso da água na agricultura, onde se concentra um dos maiores desperdícios no mundo: "A agricultura é uma das principais causas deste desperdício. A irrigação das lavouras consome 70% da água doce do mundo. Em Campos os principais consumidores de água são as usinas de açúcar e as lavouras de cana. São cerca de 10 mil produtores em toda a cidade".
Falamos do uso doméstico: "Cada pessoa consome, em média, 200 litros de água por dia". E de como é possível usar a água de maneira mais inteligente e consciente.
Não pudemos deixar de abordar o Rio Paraíba do Sul e sua poluição. "De costas para o Paraíba, a cidade parece não se importar com a morte lenta do rio. Quem precisa dele para sobreviver é que sente os reflexos".
Visitamos a Lagoa Feia - uma das maiores do país em água doce - e a bela Lagoa de Cima. Acompanhada do pesquisador da Uenf, Alex Mazurec, responsável por um diagóstico do local, tive um novo olhar, mais triste, sobre a lagoa: "A Lagoa de Cima foi elevada a área de proteção ambiental desde 1992, mas na prática o que se vê é destruição. Nas margens existem apenas 18% de mata ciliar, o restante foi devastado por pastos, plantações de cana e uma enorme ocupação humana nas últimas três décadas. As casas são construídas quase que dentro da lagoa, não respeitando o limite de preservação."
Não é difícil chegar a uma conclusão. Matamos todos os dias nossas riquezas e belezas naturais dando atestados diários de incompreesnão e ignorância. Espaços que poderiam ser usados de forma consciente para o desenvolvimento do turismo sustentável são destruídos, estamos esgotando recursos naturais fundamentais para a nossa sobrevivência. Tudo porque a humanidade escolheu um modelo de desenvolvimento que é altamente destruidor.
Foi com esta frase de Alex Mazurec que terminei a matéria e encerro também esta postagem: "Falta vontade política para coibir essas ações e consciência das pessoas para entender que não dá pra viver como se vivia no passado”.
Texto VT Água
Data: março 2007
Reportagem: Ferdinanda Maia
Cinegrafista: Edmilson / Osiel
Auxiliar: Ravy / Joelson
Cabeça: Durante esta semana o mundo inteiro se mobiliza diante da “semana mundial da água”, que este ano traz o tema “Lidando com a escassez de água”. Criada em 1992, durante a Eco Rio 92, a semana procura estimular a reflexão sobre a situação dos recursos hídricos, conscientizar a população e buscar soluções eficientes para conter a devastação ambiental. E neste contexto é que o Interior.com foi conhecer os principais recursos hídricos de Campos, qual o estado deles e o que é preciso ser feito para salva-los.
OFF 1: Saber cuidar e usufruir da água é responsabilidade de todos nós. As previsões em torno deste recurso são catastróficas. Até o ano de 2027, cerca de 1,8 bilhão de pessoas em todo o mundo podem sofrer com a escassez de água. (imagens em DVD + arte) E a agricultura é uma das principais causas deste desperdício. A irrigação das lavouras consome 70% da água doce do mundo. No Brasil essa média cai para 56%, mas ainda é muito alta. Para se ter uma idéia, para irrigar uma tonelada de grão é necessário utilizar 1000 metros cúbicos de água, o que equivale a 1000 caixas d´água de 1000 litros. Um quilo de carne consome, em todo o processo, 18 mil litros de água. O desafio é tentar otimizar o uso da água de maneira sustentável evitando o desperdício, afinal, é preciso produzir. (imagens de arquivo + arte)
(sobe som)
Em Campos os principais consumidores de água são as usinas de açúcar e as lavouras de cana. São cerca de 10 mil produtores em toda a cidade. A irrigação dessas áreas funciona como um SOS nos períodos de seca. Por ser uma operação cara, apenas 10% da área plantada tem infra-estrutura para irrigação. Já se estuda um aumento dessa demanda e, segundo o presidente da Asflucan, Eduardo Crespo, há uma preocupação com o manejo correto da água.
Sonora: Eduardo Crespo – presidente da Asflucan – 0:47:06:10 “a irrigação está atrelada às necessidades... usinas demandam para lavagem... ecologicamente correto” + 0:46:20:03 “uma política correta do uso da água gera renda... porque a infra-estrutura permite... infiltra no solo e por ali tem vida”
OFF 2: Atrás da agricultura está o consumo urbano, utilizando 27% da água doce. Cada pessoa consome, em média, 200 litros de água por dia. E os desperdícios estão em toda parte. Falta conscientização. È possível fazer as mesmas atividades como lavar uma calçada, por exemplo, usando a água de forma mais inteligente.
Sonora: Vicente de Paulo – ambientalista (0:33:02:24 “começa dentro de casa, evitando desperdícios... máquina de lavar” + 0:34:04:16 “ a gente observa que no dia-a-dia... preocupação política... distante do ideal... população mais comprometida”.
OFF 3: As cidades receberam milhões de novos moradores. A taxa de urbanização pulou de 35% em 1940 para 84,3% em 2005. É este crescimento desordenado que aumenta a poluição da água e, ao mesmo tempo, agrava os problemas como inundações. O homem invade o meio ambiente ocupando margens de lagoas e rios. Uma das maiores lagoas de água doce do país, a lagoa feia, está na nossa região. Ela, que já foi considerada a maior lagoa do Brasil, teve seu tamanho reduzido de 370 para 167 quilômetros quadrados. Casas, pastos e plantações invadiram suas margens. Ocuparam também as margens do Rio Paraíba do Sul. São cerca de 1000 famílias ribeirinhas em moradias irregulares, que ameaçam a qualidade das águas com despejo de lixo e esgoto sem tratamento. (imagens de arquivo + da fita + arte)
Sonora: Vicente de Paulo – ambientalista (0:33:36:15 “quando você joga lixo... comprometendo a qualidade dos recursos hídricos... onde o lixo vai chegar”
OFF 4: As águas do Rio Paraíba do Sul recebem, por dia, um bilhão de litros de esgoto. São essas mesmas águas que abastecem toda a cidade, uma captação de mil litros de água por segundo, vinte e quatro horas por dia. (arte) Por enquanto água não falta, mas nas margens do Paraíba já não há matas, bancos de areia mostram o assoreamento e fábricas despejam a todo momento resíduos químicos. De costas para o Paraíba, a cidade parece não se importar com a morte lenta do rio. Quem precisa dele para sobreviver é que sente os reflexos. Há 10 anos os pescadores tiravam do rio cerca de 100 quilos de peixe por dia, hoje só conseguem 30 quilos.
Sonora: Helvio Monteiro Vasconcelos – pescador – (0:38:14:29 “eu pesco porque eu preciso, mas esse rio não ta legal” + 0:35:50:08 “na época que comecei a pescar não tinha tanta poluição, agora ta demais”.
Sonora: Leandro Vieira da Rocha – pescador – 0:31:58:05 “daqui a alguns anos não vai ter rio... sobreviver da pesca”.
OFF 5: Mesmo morrendo o Paraíba ainda tem forças para proporcionar um espetáculo de harmonia. Dimisson Nogueira coordena o projeto Rema Campos e busca mostrar, através do esporte, como é possível desfrutar do rio sem agredi-lo. É nas aulas de remo que ele ensina as crianças o valor do Paraíba.
Sonora: Dimisson Nogueira – coordenado do projeto Rema Campos (0:19:13:22 “nós trabalhamos com os alunos... preservar o rio” + 0:18:44:17 “é muito lindo ter um rio cortando nossa cidade... nós vamos perde-lo”.
OFF 6: Para não perdermos nossos rios e para que não falte água no futuro é preciso melhorar a gestão dos recursos hídricos, o saneamento básico da população e implementar projetos. Ainda há muito o que avançar, mas algumas idéias já começam a ganhar vida. A 28 quilômetros de Campos a Lagoa de Cima é objeto de estudo da Universidade Estadual do Norte Fluminense. O livro “Diagnóstico Ambiental da Lagoa de Cima” será lançado em breve. Ele traz uma análise da atual situação da lagoa e é o primeiro passo para a preservação do local.
Sonora: Alex Mazurec – coordenador técnico do diagnóstico – (0:27:04:14 “precisa desse 1º exame para ver como está... o que preservar, vitalizar e melhorar... de maneira sustentável”.
OFF 7: A Lagoa de Cima foi elevada a área de proteção ambiental desde 1992, mas na prática o que se vê é destruição. Nas margens existem apenas 18% de mata ciliar, o restante foi devastado por pastos, plantações de cana e uma enorme ocupação humana nas últimas três décadas. As casas são construídas quase que dentro da lagoa, não respeitando o limite de preservação.
Sonora: Alexa Mazurec - (0:28:31:03 – “historicamente ela vem sendo usada... não é a de preservação ambiental... beleza cênica”.
OFF 8: Quinze quilômetros quadrados de uma beleza incontestável. O estudo mostra que a lagoa deve ser usada como área de turismo, gerando renda para a população, mas para isso é preciso atribuir esses interesses com a necessidade de preservar.
Sonora: Alex Mazurec – coordenador técnico do diagnóstico (0:30:26:19 “a conscientização vem de eu perceber que não posso desfrutar... para que meu filho no futuro.. que encontro hoje” + 0:31:24:05 “falta vontade política para coibir essas ações e consciência das pessoas para entender que não dá pra viver como se vivia no passado”.